terça-feira, 25 de maio de 2010

Entre Linhas

                                                   Marina Faria - Blog Fragmentos


Ainda que ainda lhe disparasse o coração, não era mais o sorriso que lhe importava.

A dança das linhas era encantadoramente perfeita. Chego a desconfiar que, assim como o bom maestro brinca com a expectativa de seu público, as linhas, recheadas de hedonismos, fazem torturinhas com a menina atenta.

Entre contorções e transformações, cantarolando para lá e pra cá, deixam borrar moldura no canto da boca. Logo se perdem entre pelos e, fingindo ser sem querer, conduzem o olhar até olhar, envolvido por um contorno que combina com a moldura lá embaixo.

Ali escondido, o mundo inteiro.

Agora os gestos também lhe sopravam curiosidade. Era um cadinho de vocábulo esbarrado no cabelo tal, o andar meio tímido, as descobertas...
Era a combinação do homem que, quanto mais maduro, mais menino...

Ainda que ainda lhe disparasse o coração, não eram mais os gestos que lhe importava.

Impotente diante daquele mundo maravilhosamente inatingível, a menina sentia frio em pensar que não poderia protegê-lo de todas as dores.

A imagem do mundo transbordando sob o contorno que combinava com o borrão que o sorriso dele trazia pra ela...

Ali, escondido do mundo inteiro.

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Vem maturidade, vem ....





"Com o tempo aprendi que o ciúme é um sentimento para proclamar de peito aberto, no instante mesmo de sua origem. Porque ao nascer, ele é realmente um sentimento cortês, deve ser logo oferecido à mulher como uma rosa. Senão, no instante seguinte ele se fecha em repolho, e dentro dele todo mal fermenta."- Leite derramado, Chico Buarque

Apelar pro Chico para se esquivar daquilo que a insegurança te transforma é uma estratégia quase genial. Ser clichê e viver uma vida moderninha é a maior mentira do mundo

Duvido muito de todos os relacionamentos desapegados que assisto por ai.
Entre vinho e fumaça, ainda hoje, uma moça sabia falou: “A questão não é o medo. Isso todo mundo tem. O que esta em jogo é o tanto de força que você tem para enfrentá-lo”. Completo: e a sinceridade e vontade que você tem de se/nos trabalhar.

Pode ser desde uma simples TPM até o resquício de uma frustração passada. Que ninguém tem culpa, mas ela esta lá. E fazer o quê?!

A solução é, como sempre, trabalhar, trabalhar, trabalhar e não associar um fato a uma merda que um idiota fez.

É muito fácil generalizar e acreditar que a ocasião faz o ladrão, mas nem todo mundo é facilmente influenciado. Se você não esta a fim de acreditar nisso, pula do barco já, porque comprar passagem pra um lugar comum é estúpido.

É que é difícil entender que sonho às vezes é real. “Em carne, em osso, em sinceridade e intensidade”. E, por mais libido que tenham, os homens não são todos idiotas que saem por ai, inconseqüentemente, cheirando aquilo lhes dá prazer. Eles pensam e sentem também.

A questão é que a junção do fato a merda passada gera um bloqueio chatinho que vira motivo de medo. O ciúme, então, se esconde tão bem escondido que até você acredita que ele não existe.

Só que o fato dele existir não é feio, desgastante ou vai causar com o material bruto. Não se você não estiver com um idiota. Na edição final, lá na frente, vai startar aquela “risada madura”, natural de quando se lembra dos tempos em que se era criança ou se dá conta de alguma conquista.

Na telinha: “no coração da realidade, ou como o personagem da ficção...”

terça-feira, 18 de maio de 2010

“Psiu” de alegria e de esperança.






E não é que o tal menino espoleta ainda lembra-se de mim, a menina metida a grande que apoiava as macaquices que ele fazia no pátio do colégio.

Ele deixava todos os “gente grande” malucos.

Empinava a cadeira e saia “sassaricando” entre os bancos da lanchonete. Quando alguém atrevia abrir a porta do armário onde guardavam as bolas, ele passava a milhão e a roubava de quem quer que fosse.

O moleque era um barato.

Eu, de intrometida, assumia toda responsabilidade de criança mais velha e apoiava tudo que era merda que ele tinha vontade de fazer.

Alias, participava de tudo que era atividade que me deixassem participar. E bota pique nisso.

Bons tempo em que passava a tarde toda na escola jogando bola entre os funcionário (ainda) tão queridos.

....mas demolição nenhuma do prédio na rua Jacurici apaga as lembranças que as pastilinhas coloridas que enfeitavam as sala me deixaram...

Foi na virada, em meio a uma explosão quase inexplicável de felicidade, que me lembrei de tudo.

- Esse é o irmão do Itálo, lembra dele Mel?

Dez segundos pensando e é claro que eu lembrava, mas era impossível ele se lembrar de mim. Eu estava no ginásio e ele, que estava se alfabetizando, não deve nem saber o que é isso. Que dirá lembrar-se da menina moça que não queria crescer.

Hoje, como se me dessem uma lasquinha daquela felicidade que vivi, descobri que o tal menino sabia quem eu era.

Que da hora, juro!

Quando viramos “gente grande” esquecemos coisas, relevamos outras e deixamos de viver tanto. Aturamos um monte de “blah blah blah” que acabam com toda mágica que envolve a lembrança que guardamos com tanto carinho.

A vida nos separa das pessoas e nos impede de pensar nisso. Fico esperando o dia em que encontrarei cada um daqueles que são parte de mim pra conversarmos sobre tudo que sonhávamos, pra lhes fazer entender como são responsáveis pelo que eu sou e para que eles não me deixem esquecer minha essência.

Nem demolição, nem blah blah blah...

Menino Listrado




Era o sorriso do menino listrado
que andava com uma flor
junto a flor listrada do menino
que cantarolava, é amor

Música, tinta e cordel
e uma escultura de papel
cujo nome uirapuru.

No meio de tanta gente sem noção
dançava sem saber
que swiing não se aprende
o segredo é viver

O sorriso, as listras e a flor
da menina encatada
que gritava, é amor

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Virada - O Piano da Praça




- Um, dois, três, quatro, cinco, seis, sete...

Ainda quase em silêncio, se virou e começou a contar as cadeiras ao seu redor. Apontando uma a uma.

- Um, dois, três ... seis, sete.

Percebeu-se no meio do vazio que nos cabia e levantou.

- Vocês podem sentar aqui.

- Obrigada, mas não queremos sentar. Fique a vontade senhor.

Nesse momento, iluminado pela meia luz verde da praça virou o rosto e nos olhou. Seu olho transbordava a emoção que som do piano também me trazia.

Por dois, três minutos fiquei estática. Olhar aquele dilúvio de emoção escorrer no rosto daquele que eu nem conhecia. Era quase um gesto solidário a mim mesmo.

domingo, 16 de maio de 2010

Virada - Olho d´Água da Lagoa da Canoa








Agora ele vai deixar a bateria e vir tocar garrafa. Uma salva de palmas pra ele...

- Ho – ho – ho - honnn eôoeôô êêêê

Vamos cantar juntos essa música São Paulo?

- Ho – ho – ho - honnn eôoeôô êêêê
- Ho – ho – ho – hoooonn eôoeôôôô éééééééé


….. rs……..

- Shiiivankyla ÉééÉÉé ow ow ow hoooooooooooo

….. rs……..

- Shiiibantyla ÉééÉÉÉÉÉÉé uhm hum humm hoooooooooooo

….. rs……..

- Ohwn ohwn ohwn iiiiiiiiiii shingggggggg bahhhhhhhhh bluru bluru

- Ohwn ohwn oHmnnnhg iiiiiiiiiii shingggggggg bbbbaááaáááááahhhhhh bluru bluru

….. rs…….

- Quas, quas, quas, quas, quas, quas faz caringundum
- Quas, quas, quas, quas, quas, quas faz caringundum

Não posso ficar nem mais um minuto com você sinto muito amor mas não pode ser...

sexta-feira, 14 de maio de 2010

Para Pito para Grito


Ontem seu cheiro no meu travesseiro não me deixou dormir. Olhando pro teto, agora sem estrelas, dediquei meu tempo a pensar.

Não me desesperei com a falta de sono nem procurei algo pra fazer.

Só fiquei olhando e sentindo aquilo que era tão meu que pouco percebia sua importância.

Lembrei de como me lembrava há alguns anos. Peguei qualquer rabisco cheio de erros ansiosos e citações profundas e sorri.

Pensei, pensei, pensei até chegar nos sonhos.

Eram eles que me faltavam. Haviam derretido de forma tão natural e sutil que nem me dei conta da fuga.

Foi desde lá, quando me furaram a primeira bola no meio da rua, que ele ameaçou se perder. Ele, junto a seriedade intensa ou a intensidade mal compreendida, tentou fugir.

Segui jogando....

mas ontem seu cheiro no meu travesseiro não me deixou dormir. E foi por causa do seu cheiro que descobri que os sonhos me faltavam.

Naquele rabisco, que não era de qualquer importância, li exatamente a mesma jogada. Só que agora, já não era a primeira bola que me furavam e voltar a deitar mais cedo para investir tempo planejando os gols se tornava cada vez mais difícil.

Era lembrar a vida real do dia seguinte pra me virar pra tentar dormir. Com a cabeça mais próxima ao travesseiro, seu cheiro ficava mais e mais e mais forte e o sono não vinha.

Certa vez, me contaram que quando se pensa em algo que não existe, uma parte X do cérebro ativa e nos trás o sono.

... Porcos com bolinhas roxas e passarinhos xadrezinhos, flores quadradas e plantações de alcachofra chinesa...

Pensei no mundo todo e cheguei a nós, assistindo a tudo isso.

Lembrei da gente, deitado lado a lado num sábado a noite de barriga pra cima olhando pro teto recheado das estrelas que só nós enxergamos.

Lembrei o quanto sonhamos e quão diferentes somos.

Pensei que tudo só é tão diferente e as pessoas só cometem atitudes tão idiotas para que eu possa estar aqui, egocentricamente vivendo um dilúvio de sonhos, pensando na gente.

....Rs...

Aos meus olhos estavam bola, rua, campo e eu seguindo jogando porque sei o que sofro e me rebolo para continuar menino como a rua que continua uma pelada.

domingo, 9 de maio de 2010

Os sonhos

"Não sei o que se passa em mim.

Esta força de gravidade me liga ao chão quando tantas estrelas são imantadas.
Uma outra força de gravidade me prende a mim mesmo. Sinto o meu peso que me une a tantas coisas!

Meus sonho são mais reais que estas dunas, esta lua, estas presenças.

O que há de maravilhoso numa casa não é que ela nos abrigue e nos conforte, nem que tenha paredes.

É que deponha em nós lentamente tantas provisões de doçura. Que forme, no fundo de nosso coração esta nascente obscura de onde correm, como água da fonte, os sonhos."


Exupéry.

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Posso passar a vida toda com ela!



A ansiedade é como a da criança que espera a aula acabar para passar a tarde toda na casa da amiga.

“Mãe,posso ir pra casa dela?”

Como naquelas tardes, em que brincar com a amiga, era tudo de mais legal que a vida tinha a nos oferecer.

Dos trabalhos mais “sdruxulos” às história mais engraçadas. Era a stafa de contar as árvores do quadragésimo oitavo quarteirão de moema logo após a fuga da porta da escola escondida atrás de um caderno quase em branco.

Das quarenta e duas ligações diárias aos 2 minutinhos interurbanos. Todos fundamentais, essenciais e, invariavelmente, únicos.

Você já se sentiu entendido? Entendido de verdade? Alguém que, quando você fala qualquer merda, que nem você acredita que tenha feito, te ouve e entende o porquê você escolheu fazer isso ou àquilo? Ou melhor, alguém já te entende tanto, que só uma troca de olhar, basta?

Já confiou tanto em alguém a ponto de não ter medo de mostrar o quão feliz esta? Ou discutiu seriamente sobre o grau de reflexão da lua na latinha? Nega, você Já se sentiu a Angelina Jolie surfando na espreguiçadeira?

Nada, nada na vida toda, vale mais do que isso.

Todos deveriam se apaixonar por alguém que não vai passar. Alguém que não te traga nada de ciúmes, raiva ou cobrança. Se apaixonar no sentindo mais puro, ingênuo e, provavelmente, mais sincero da palavra.

Alguém com quem não se tem vergonha de aprender, de ensinar e de errar. Uma relação onde traição, posse e qualquer outro blah blah que sentimos pelas pessoas por quem juramos amor eterno simplesmente não existe.

É o suprassumo das coisas boas.

Se apaixonar pra querer, mais do que tudo nessa vida, que a pessoa seja a mais iluminada, amada e feliz do mundo. Todo mundo deveria ter alguém!


"Em lenha pro fogo,

que cozinha esses anos todos,

a grande panela do mundo!"


quinta-feira, 6 de maio de 2010

Colorindo...




Depois do prefacil, que não foi nada fácil, me encho de “oudácia” pra começar. O conto é sobre um presente que é bastante passado e que no futuro, quem sabe, você venha participar.



Toda essa história começou só pra você existir e, por você existir, o conto foi contado e recontado até que as fadas, gnomos e vagalumes vencessem os monstros, as bruxas e as zebras. Tudo se passa ai mesmo onde você esta, mas para enxergar, você precisará vendar os olhos, tirar a máscara e mergulhar.



Esse lugar é um pouco diferente dos que você já viu, por isso, a dona gnominha gordinha, vai te ajudar a passear.



Nesse lugar tempo não existe. Ou melhor, existe de uma forma diferente. O tempo é dividido em bolinhas, mais ou menos como as que enfeitam o vestido branco e vermelho da dona gnominha, só que em cada pontinho cabe um mundo inteiro.



Às vezes os personagens saltitam para lá e para cá e entre uma bolha e outra se encontram para conversar. É entre uma bolha e outra que eles param pra pensar também. Nesse mundo, brincadeira é tanta que são poucos aqueles que têm o hábito de observar. A moda é brincar, brincar e brincar...



Tem outra coisa que precisa saber antes desse blah blah blah todo terminar.



Por aqui, onde vivemos, moeda é coisa rara de encontrar. Para se conseguir algo que queira é necessário plantar. A moeda de troca por aqui, não é nem de papel nem de metal. O que se usa para comprar são flores. As mais raras e valiosas se camuflam de grama e para que você as veja é preciso rebolar....