A dança das linhas era encantadoramente perfeita. Chego a desconfiar que, assim como o bom maestro brinca com a expectativa de seu público, as linhas, recheadas de hedonismos, fazem torturinhas com a menina atenta.
Entre contorções e transformações, cantarolando para lá e pra cá, deixam borrar moldura no canto da boca. Logo se perdem entre pelos e, fingindo ser sem querer, conduzem o olhar até olhar, envolvido por um contorno que combina com a moldura lá embaixo.
Ali escondido, o mundo inteiro.
Agora os gestos também lhe sopravam curiosidade. Era um cadinho de vocábulo esbarrado no cabelo tal, o andar meio tímido, as descobertas...
Era a combinação do homem que, quanto mais maduro, mais menino...
Ainda que ainda lhe disparasse o coração, não eram mais os gestos que lhe importava.
Impotente diante daquele mundo maravilhosamente inatingível, a menina sentia frio em pensar que não poderia protegê-lo de todas as dores.
A imagem do mundo transbordando sob o contorno que combinava com o borrão que o sorriso dele trazia pra ela...
Ali, escondido do mundo inteiro.